Ela o reconheceu simplesmente pela maneira como ele olhou para ela e veio na sua direção. Direto, preciso. Por instantes, não havia mais nada nem ninguém ao redor dela. Apenas ele e seu andar decidido. E ela sempre gostou da confiança dos homens que buscam o que querem.
Se tudo é energia, a deles já tinha se conectado ao longo de conversas e risadas. Não foi preciso ver o rosto para marcar aquele encontro. Foi casual, e justamente por isso, delicioso.
Ele não a comia com os olhos, e isso a deixava confortável. Mas a interação física estava ali, de vez em quando, sutil, aconchegante. Que despertava arrepios e mais curiosidade.
Ela sentia faíscas. Ele, praticamente impenetrável, o ar mais blasé que ela já tinha conhecido. "Já estamos conversando há não sei quantas horas... Falta muito pra você me beijar?" O teor etílico dela foi incapaz de continuar disfarçando a vontade latente.
Não foi naquela noite, mas aconteceu. Com naturalidade, sem pressa, do jeito que ela gostava. Depois de longas conversas regadas a café e sorvete. Conversas sobre a vida, sobre a cidade, sobre tudo e sobre nada. Sob o céu nublado da cidade de Sao Paulo, pés balançando na piscina, até que um temporal imprevisto os levou para dentro do apartamento. Até o silêncio era reconfortante. Depois do jantar e de risadas. Depois de um drink sem receita, espontaneamente preparado - daqueles que nunca mais consegue-se fazer outro igual.
O passar do tempo trouxe o tarde da noite. Os corpos naturalmente se aconchegaram na cama. Próximos. Frente a frente. Olhos fechados. Conversa em tom suave. A respiração. Cafuné. Naquela noite, aconteceu. Depois de beijos tímidos que se intensificaram. Depois de um abraço singular de quem, acredita ela, percebeu que havia um certo nervosismo ali. Depois de provocações. Depois de sentir o gosto dele na boca e escutar seus gemidos. Depois de gozar duas, três vezes nos dedos dele. Enquanto controlava suas expressões de prazer. Tarefa que depois ela veio a descobrir que não foi realizada com sucesso, pois houve reclamações de barulho naquele andar, e nos apartamentos diretamente acima e abaixo do dele.
O corpo dela pedia mais. Pedia o prazer dele junto com o dela. Pedia encaixe. Até que, em um movimento único e preciso, ele a virou de costas. E a assertividade dele só aumentou o tesão dela. E até esse movimento teve algo de único. Até que ele a puxou para a ponta da cama - e ela nunca vai conseguir explicar o porque, mas foi diferente. Até que ela finalmente se sentiu preenchida, do jeito que ela queria desde que os olhares se cruzaram aquela noite no bar. Até que ela rebolou, até que ela pediu pra ir mais fundo e mais rápido, e ele assim o fez. Seus dedos cravados na carne dela. E ela só queria que aquele momento durasse horas. Durou o necessário. "Isso!", ela gemeu quando um dedo a invadiu onde ele ainda não havia a penetrado. Ali ela se entregou mais ainda. E não resistiu. Até que ela gozou forte, tentando abafar o grito no travesseiro. Até que ela sentiu a porra quente jorrando nas costas e escorrendo pela bunda. Até que veio, depois do banho, o sono. Até que o dia amanheceu e o despertador dele tocou muito antes do que ela gostaria. Até o beijo sonolento de despedida. Até uma próxima vez, ela pensou com expectativa, enquanto fechada a porta atrás dela. Até um outro dia, quem sabe.
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